Cresce procura por contratação de seguro viagem entre turistas de AL






19/08/2013

Cresce procura por contratação de seguro viagem entre turistas de AL

De janeiro a maio deste ano, alagoanos gastaram R$ 42 mil com seguro. Somente este ano, 70% dos brasileiros investiram no seguro viagem.

Muitas vezes, a viagem dos sonhos pode se transformar em um verdadeiro pesadelo. Foi o caso dos irmãos argentinos Amélia e Ernesto Abadi. Eles estavam em um cruzeiro que passava por Alagoas quando ela sofreu um acidente e quebrou o fêmur. Para fugir dos imprevistos, os brasileiros têm investido cada vez mais em seguro viagem. É o que revela dados da Superintendência de Seguros Privados: só este ano, 70% dos brasileiros que viajaram contrataram o seguro. Em Alagoas, a procura também cresceu. De janeiro a maio, foram gastos mais de R$ 42 mil com esse tipo de contrato.

Amélia Abadi, argentina de 80 anos que se acidentou em um cruzeiro que estava atracado no porto de Maceió, desembolsou 10 mil dólares pela viagem, mas teve que pagar o excedente de mais de 400 dólares por uma consulta no navio porque não tinha feito o seguro. Ela precisou desembarcar na capital alagoana e ficou internada no Hospital Geral do Estado (HGE), antes de ser transferida para um hospital particular.

Após repercussão do caso na imprensa, a empresa do cruzeiro pagou as despesas médicas e os irmãos puderam voltar para a Argentina  “Esses serviços deveriam ser inclusos. Queria ter uma recordação boa dessa viagem, mas não vou ter”, contou Amélia à época do acidente.

A inclusão desses serviços no pacote de viagem é motivo de discordância entre empresas e turistas, mas, uma coisa é certa: ninguém está livre de imprevistos. Além da crise de cálculo renal, o biomédico Wagner Ramos poderia ter tido muita dor de cabeça se não tivesse feito o seguro viagem antes de embarcar para a Disney com a família. “Me disseram que eu teria que pagar 1.500 dólares. Foi quando lembrei que tinha feito o seguro viagem e não precisei pagar mais nada”, lembra o biomédico ao ressaltar que, depois do susto, não viaja sem contratar o seguro.

O diretor do Sindicato dos Corretores de Seguros de Alagoas, Djaildo Almeida, os motivos para garantir não são apenas de ordem financeira. Além do segurado ficar coberto no caso de imprevistos em relação a enfermidades, também terá garantias em relação ao embarque e ao extravio de bagagem.

“É um dos seguros que mais cresceram nos últimos anos. A procura começou com as viagens para alguns países da Europa que exigem este tipo de contratação, mas os brasileiros começaram a se sentir mais seguros com ele, e, por isso, a procura aumentou. Há também produtos para todos os destinos no Brasil e no exterior, adequados a todos os perfis de turistas de lazer ou de negócios”, afirma.

Como funciona

O seguro viagem básico acoberta o assegurado, ou seus dependentes, em caso de morte ou invalidez acidental, necessidade de atendimento médico ou odontológico de urgência por enfermidade ou acidente, extravio de bagagem e assistência funeral e traslado do corpo. Para o exterior, a cobertura básica também permite assistências jurídica e farmacêutica, e pagamento de fiança.

Há dois tipos de seguros, os nacionais e os internacionais. O diretor do Sindicato dos Corretores de Seguros de Alagoas, Djaildo Almeida, explica que a partir de 100 km já é permitido contratar o seguro. "Em uma viagem de Alagoas para Recife, por exemplo, o cliente já pode adquirir o seguro”, afirma.

Os preços variam de acordo com o tipo de cobertura e com a idade do contratante. Em uma viagem de dez dias para São Paulo, em que o turista gastaria, em média, R$ 4 mil, você pagaria R$ 32, 27 para ter direito a uma cobertura básica com o valor da apólice em R$ 10 mil. Se o valor da apólice aumentar para R$ 30 mil, ou seja, uma cobertura completa, o seguro passa a custar R$ 50,45.

Se a viagem for para o exterior e durar o mesmo período, com o custo médio de R$ 10 mil, a cobertura mais simples sai a R$ 148,88 por uma apólice de 30 mil euros. Se o viajante desejar, em uma cobertura completa, um contrato de 600 mil Euros, o seguro custará R$ 257,12.

Pessoas que viajam de ônibus também pode fazer o seguro viagem. O diretor do Sindicato dos Corretores de Seguros de Alagoas é incomum usuários deste meio de transporte procurarem o serviço. "Acredito que a adesão é mínima por falta de conhecimento. É mais fácil uma gerente de viagem falar do seguro, que uma pessoa que apenas vende a passagem de ônibus. Tenho certeza que quando eles souberam, ficarão mais atentos", afirma.

Custo x benefício

A economista e professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Luciana Caetano vê como vantajosa a contratação da apólice. “Principalmente quando o viajante não tem plano de saúde, porque ele será coberto em qualquer eventualidade. Vale a pena porque o desembolso na contratação do seguro é relativamente baixo frente às indenizações que seriam feitas nas diversas situações do transtorno, descritas no contrato", defende.

O consumidor deve ficar atento, entretanto, à diferença de preços entre os serviços oferecidos por uma seguradora de viagens em relação ao valor praticado por um corretor. Para destinos internacionais, o custo fica ente R$ 9,00 e R$ 25,00, por dia. Já para as viagens nacionais, de R$ 2,00 a R$ 4,00, por dia. O prêmio é pago por meio do cartão de crédito na maioria das contratações.

Para a gerente de uma empresa de viagem, Adriana Tenório, a procura maior é pelo seguro obrigatório. “A maioria dos nossos clientes procuram o seguro para os países em que é obrigatória a contratação do serviço. Nas viagens nacionais, a adesão ainda é mínima”, afirma.

Porém, o diretor do Sindicato dos Corretores de Seguros de Alagoas, Djaildo Almeida, defende que o seguro seja contratado com um corretor, para garantir a prestação de serviços específicos.

“Na agência, o cliente não vai poder modificar os valores e escolher o melhor seguro para uma viagem específica. O corretor pode adaptar o seguro para cada tipo de viagem, como é o caso de quem vai fazer trilhas e escaladas, por exemplo. Temos um seguro que pode ser moldado para o perfil de cada cliente”, explica.

O engenheiro Mauro Lúcio está com viagem marcada com destino aos Estados Unidos. Após tomar conhecimento do caso da turista argentina Amélia Abadi, preferiu não arriscar outras viagens sem o seguro. “Ninguém está livre de nada. Tenho plano de saúde, mas ele é nacional e, por isso, já fiz o seguro. Como também pretendo fazer passeios com escaladas, optei pelo seguro”, ressalta o engenheiro.

Veja dicas antes de adquir o seguro

1 - Leia muito bem os itens incluídos na apólice, pois eles podem variar muito. Os seguros mais básicos apenas oferecem um valor em dinheiro por morte ou invalidez acidental e ressarcimento limitado por gastos médicos. Outros serviços, como cobertura para perda e extravio de bagagem, custeio de traslados em caso de acidente ou morte, e assistência no exterior, podem estar incluídos ou não.

2 - Cuidado com seguros contratados no exterior. Eles podem ser comprados pela internet e, em muitos casos, podem ser mais em conta que os nacionais. No entanto, ainda que vários deles sejam bons e cumpram o que a apólice promete, caso isso não aconteça, não haverá a quem recorrer no Brasil, já que eles não se submetem à nossa legislação. Além disso, o valor pago pelo seguro dentro do Brasil, por lei, é isento de impostos. Se o dinheiro vier do exterior, pode ser tributado.

3 - Esqueceu de fazer o seguro antes de partir? Ainda é possível entrar em contato com o seu corretor, mesmo quando já estiver viajando. Mas lembre-se de avisar que já está se deslocando, pois isso precisa ser discriminado. Do contrário, caso seja necessário acionar o seguro, pode parecer que ele foi feito depois que algum problema foi constatado.